Práticas contemplativas são empregadas em benefício de usuários com dores crônicas
Práticas Contemplativas: uma proposta de educação ao autocuidado dos usuários com dores crônicas no Sistema Único de Saúde, este foi o tema da atividade de reflexão teórica do Programa de Residência Integrada em Saúde, nesta terça-feira, 2, no Laboratório de Informática, do Prédio Anexo da Escola de Saúde Pública (ESP/RS). Resultado da dissertação de mestrado da fisioterapeuta convidada, Janete Mengue da Silva, coordenadora da ÁreaTécnica de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, o tema apresenta estudo realizado com usuários do serviço.
O trabalho objetivou investigar os benefícios do uso da prática contemplativa em grupos de usuários com dor crônica e propor a integração da meditação no serviço de atenção à saúde do SUS. Foi uma intervenção que utilizou a prática contemplativa durante 13 semanas em oito participantes com dores crônicas há mais de um ano e que empregavam tratamentos baseados unicamente no modelo biomédico e prescritivo.
“Utilizamos uma técnica de meditação em três níveis: inicialmente, o foco é na respiração, depois, na consciência corporal e, por fim, no próprio processo meditativo”, explica Janete. Segundo ela, está abordagem está inserida no campo das Práticas Integrativas e Complementares que passaram a ser utilizadas no SUS a partir da publicação da Portaria 971, em maio de 2006, pelo Ministério da Saúde. “A intenção não é substituir o tratamento biomédico, mas complementá-lo com as práticas integrativas.
Tais sistemas e recursos, envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. Também trabalham com a visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado. Além da meditação, estas práticas incluem acupuntura, homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia, entre outras.
A fisioterapeuta destaca que os participantes do estudo responderam a questionários para análise qualitativa de como a intervenção os afetou no cuidado com os seus sintomas de dores crônicas. Os resultados deste estudo indicaram que a prática contemplativa oportunizou o gerenciamento da dor crônica e a melhora da atenção plena nas atividades do cotidiano, apresentando-se como uma ferramenta pedagógica para promover o autocuidado com vistas à educação do Ser.
“Os usuários não deixam de ter a dor, mas por meio da meditação e da prática respiratória, conseguem conter o avanço dela. Eles relatam ainda sentimentos de compaixão, apaziguamento e maior aceitação”, diz. Janete cita ainda que os participantes relatam que esses benefícios refletem também em um processo de compreender melhor o outro, melhorando o convívio familiar, social e no trabalho.
Saiba Mais
Práticas Contemplativas
Uma proposta de educação ao autocuidado de usuários com dores crônicas
Dissertação apresentada como requisito parcial do Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Orientadora: Luciana Fernandes Marques
Autora: Janete Mengue da Silva